reportagem no Nye Troms
O jornal local Nye Troms, que é editado na região de Troms na Noruega, públicou hoje uma entrevista comigo e com o Aslan, outro AFSer - estudante de intercâmbio, a viver aqui neste lugarzito no concelho de Balsfjord. Aqui está, traduzida para português, comentários em parêntesis recto.
Isto é a AFS:
A ideia por detrás do American Field Service (AFS) é que a paz e o entendimento entre diferentes culturas é criado quando se visita e se vive em casa de outras famílias de outros países. A Noruega envia e recebe muitos jovens todos os anos, e para os próprios jovens e famílias de acolhimento respectivas torna-se esta uma experiência inesquecível.
Todo o trabalho na organizacão é voluntário, e a família de acolhimento não é paga para receber os estudantes. Os livros da escola, viagens e uma pequena mesada [não é tão pequena assim e é dada pelas famílias não pela AFS] é dada pela AFS.
Para além da família de acolhimento o estudante tem também uma família de contacto que pode ser usada por exemplo quando a família de acolhimento está ausente [e o estudante não a pode acompanhar.]
Um ano único em Balsfjord
Aslan (19) da Bélgica e André (eu) (17) de Portugal não se conheciam antes de virem de Oslo em Agosto do ano passado. Mas tinham algo em comum, o facto de serem estudantes de intercâmbio na mais antiga e maior organizacão desse tipo de experiências no mundo, American Field Service (AFS).
- O especial com estes rapazes era que eles ainda não tinham recebido família de acolhimento quando chegaram à Noruega, não sabiam onde iriam, diz a mãe de acolhimento Karin Os rapazes acenam em acordo.
- Foi assustador ver no mapa o quão norte nós iriamos parar, ri-se André que acreditava que Balsfjord era quase um deserto de gelo.
Pequena storsteinnes
Um par de semanas depois da chegada a Oslo ficaram a saber que duas famílias de acolhimento esperavam excitadas por eles. As famílias moravam perto uma da outra, no pequeno lugar de Storsteinnes. Apenas nove meses depois podem os rapazes contar como se dão bem.
- Este lugar é acolhedor. Pequeno, mas muito melhor que estar em Oslo, conta A. O. [Ele não disse que era muito melhor que em Oslo, mas que em Oslo haveriam outros problemas...].
- Há muito para fazer. Innebandy [espécie de hóquei jogado dentro de um pavilhão, sem patins], fútebol, UngA [actividades para jovens], esqui são algumas das coisas em que estivemos envolvidos, acrescenta André, que segundo a mãe de acolhimento Rigmor é louco por fútebol.
- Eu apenas caí e caí a primeira vez que tentei esquiar. E depois parti a minha stave [aquela coisa com que nos apoiamos nos esquis, como é mesmo em português?], sorri Aslan. Agora, porém, as coisas vão muito melhores, e na páscoa houve muitos passeios de esqui [A minha evolucão foi semelhante, tirando o facto de eu não ter partido nada.]
Queria experimentar algo de novo
Nye Troms [nome do jornal] encontrou os rapases em casa de R. e L., onde A.C. tem sido o quinto elemento na casa há algum tempo. Foi bastante por acaso que A.C. veio parar aqui exactamente este ano, contam eles.
- Karin e eu tinhamos falado que poderíamos tentar um ano como família de acolhimento, mas ainda não tinhamos concretizado esses planos. Mas eram precisas famílias de acolhimento, e decidimo-nos tentar. Foram apenas 10 dias desde que nos decidimos até que os rapazes nos chegaram, sorri Rigmor. Ela aconselha largamente outros a receber estudantes de intercâmbio.
- É excitante e diferente, e uma pessoa aprende muito. Mas as pessoas devem lembrar que este este é um trabalho voluntário. Nós providenciamos custos e logística, e em troca recebemos um ano inesquecível.
- Uma pessoa deve esperar uma pequena adaptacão ao príncipio, mas essa fase passa depressa, diz o pai de acolhimento Leen.
- Nós tivemos que pedir o conselho da família primeiro, as nossas criancas Edvard e Regine tinham claro que dizer se achavam que estava bem, diz Rigmor e está satisfeita pelo facto de Edvard se ter tornado muito bom em inglês.
- Ele fala apenas inglês comigo, e eu falo norueguês com ele, revela André. Quer ele quer Aslan falam agora muito bom norueguês, mas à pergunta se foi fácil aprender a língua rompem às gargalhadas.
- Língua estranha e díficil, e o dialecto de Balsfjord é bastante diferente do de Oslo, é a resposta.
- Nós estávamos convencidos de que eles deviam aprender a língua o mais rapidamente possível, e eles têm-se tornado bons. Eles falarão certamente dialecto de Balsfjord quando regressarem a casa, ri-se Karin.
Turma simpática
Ambos os rapazes andam na escola secundária de Vollan, cada um em sua turma. André pensa que foi díficil, ao ínicio, introsar-se com os colegas de turma.
- Mas depois de uma viagem de escola tornou-se melhor. De qualquer forma é um bocado diferente ir à escola aqui e em Portugal. Estou mais habituado a educacão nas salas de aula, diz o português.
Aslan gostou da escola desde o primeiro momento.
- Eles são muito abertos e simpáticos, sorri ele abertamente.
Muito natal
Eles não se têm coibido das actividades de tempo livre para estudantes. Tem participado de udo deste conducão de trenó de cães, trabalho na quinta, viagens, desporto até à visita ao hotel de gelo. Sem esquecer duas épocas festivas: o natal e apáscoa.
- O Natal aqui é tão comprido. E tão cheio de coisas de natal. Ribbe de Natal [prato típico de Natal], decoracões de Natal, Grøt de Natal [Um prato comido à sexta feira antes do fim-de-semana de Natal; quem tiver no seu prato a amêndoa escondida ganha um prémio, como por exemplo um saco de gomas e chocolates.] Tudo era Natal, diz André com um sorriso que testemunha que ele gostou precisamente disso. Em Portugal a celebracão do Natal propriamente dita só se festeja 24 e 25 de Desembro.
- Nós nem temos presentes na Bélgica, apenas jantamos com a família, conta Aslan, que pensava que o tempo escuro [mørketiden] seria tão escuro como a noite.
- Mas não era. O céu estava cheio de cores lindas e nós vimos as luzes do norte [aurora boreal].
- Mas fiquei muito contente por ver o sol outra vez, acrescenta André. E agora vem aí o tempo russ [celebracões dos finalistas do secundário] e o sol da meia noite.
- Eu acordei uma manhã cedo com o sol a brilhar para mim. Foi estranho, diz Aslan.
Trabalho doméstico e outras coisas
Algumas diferencas culturais têm-se apresentado pelo caminho.
- É claro que existem diferencas e contrastes culturais. Acho que por exemplo os rapazes em Portugal não estão tão habituados a trabalho doméstico [olha para mim a corar...], sorri Rigmor sagazmente para André. Quer ele quer Aslan estão de acordo em terem aprendido trabalho doméstico durante a estadia na Noruega. Em Portugal é normal ajudar em casa, se acreditarmos no André [é verdade! Todos os filhos e filhas são obrigados!!!].
- E eu tenho muitas irmãs, desculpa-se Aslan.
- Eu tenho feito comida. Especialmente sobremesas doces, acrescenta André.
- E comida portuguesa como muito mandarim [ele disse margarina, margarin em norueguês, e referia-se às sobremesas; eu nunca usei mandarins na comida!], diz Edvard com um gesto.
A comida na Noruega é bastante razoável, se interpretámos bem os rapazes [não, não interpretaram, eu acho que é melhor do que o que esperava, o Aslan odiou, mas não se atreveu a dizê-lo directamente].
- Mas o chocolate de leite é o melhor de tudo, acho eu. De resto estou um bocado farto de bolas de carne, concorda André.
- O melhor que aqui comi foi Ribbe [Ribbe de Natal, Juleribbe, ver acima], e lembra-se da Ribbe de Natal.
Um ano passa depressa
Os dias passam imparáveis até Julho, o mês em que ambos os rapazes regressam a casa. [Eu regresso em Junho, no final...]
- Vai ser estranho quando eles forem. Felizmente é fácil ter contacto com eles, via internet, dizem Karin e Rigmor. Com a webcâmera o contacto tem-se estabelecido nas duas direccões, e Rigmor conta que a família de André esteve presente na véspera de Natal, gracas à webcâmera na sala.
- Não é assim tão longe até Portugal. Costumava ser mais longe, diz André.
Os rapazes não tiveram, porém, saudades de casa [ok, um bocadinho...].
- O tempo passa inacreditavelmente depressa, especialmente depois de Janeiro. Nós temos tido muito que fazer, dizem. E ambos prometem regressar à Noruega em férias. Mas antes de partirem vão festejar o dia nacional da Noruega. Quando a jornalista pergunta Aslan se ele irá participar do comboio [espécie de procissão, mas sem religião à mistura], é a confusão grande durante um momento [não para mim, só para ele, que eu já sabia do “comboio”].
- Ir no comboio, não conduzir o comboio, diz a “mãe” Karin. E é então que ele compreende.
A ideia por detrás do American Field Service (AFS) é que a paz e o entendimento entre diferentes culturas é criado quando se visita e se vive em casa de outras famílias de outros países. A Noruega envia e recebe muitos jovens todos os anos, e para os próprios jovens e famílias de acolhimento respectivas torna-se esta uma experiência inesquecível.
Todo o trabalho na organizacão é voluntário, e a família de acolhimento não é paga para receber os estudantes. Os livros da escola, viagens e uma pequena mesada [não é tão pequena assim e é dada pelas famílias não pela AFS] é dada pela AFS.
Para além da família de acolhimento o estudante tem também uma família de contacto que pode ser usada por exemplo quando a família de acolhimento está ausente [e o estudante não a pode acompanhar.]
Um ano único em Balsfjord
Aslan (19) da Bélgica e André (eu) (17) de Portugal não se conheciam antes de virem de Oslo em Agosto do ano passado. Mas tinham algo em comum, o facto de serem estudantes de intercâmbio na mais antiga e maior organizacão desse tipo de experiências no mundo, American Field Service (AFS).
- O especial com estes rapazes era que eles ainda não tinham recebido família de acolhimento quando chegaram à Noruega, não sabiam onde iriam, diz a mãe de acolhimento Karin Os rapazes acenam em acordo.
- Foi assustador ver no mapa o quão norte nós iriamos parar, ri-se André que acreditava que Balsfjord era quase um deserto de gelo.
Pequena storsteinnes
Um par de semanas depois da chegada a Oslo ficaram a saber que duas famílias de acolhimento esperavam excitadas por eles. As famílias moravam perto uma da outra, no pequeno lugar de Storsteinnes. Apenas nove meses depois podem os rapazes contar como se dão bem.
- Este lugar é acolhedor. Pequeno, mas muito melhor que estar em Oslo, conta A. O. [Ele não disse que era muito melhor que em Oslo, mas que em Oslo haveriam outros problemas...].
- Há muito para fazer. Innebandy [espécie de hóquei jogado dentro de um pavilhão, sem patins], fútebol, UngA [actividades para jovens], esqui são algumas das coisas em que estivemos envolvidos, acrescenta André, que segundo a mãe de acolhimento Rigmor é louco por fútebol.
- Eu apenas caí e caí a primeira vez que tentei esquiar. E depois parti a minha stave [aquela coisa com que nos apoiamos nos esquis, como é mesmo em português?], sorri Aslan. Agora, porém, as coisas vão muito melhores, e na páscoa houve muitos passeios de esqui [A minha evolucão foi semelhante, tirando o facto de eu não ter partido nada.]
Queria experimentar algo de novo
Nye Troms [nome do jornal] encontrou os rapases em casa de R. e L., onde A.C. tem sido o quinto elemento na casa há algum tempo. Foi bastante por acaso que A.C. veio parar aqui exactamente este ano, contam eles.
- Karin e eu tinhamos falado que poderíamos tentar um ano como família de acolhimento, mas ainda não tinhamos concretizado esses planos. Mas eram precisas famílias de acolhimento, e decidimo-nos tentar. Foram apenas 10 dias desde que nos decidimos até que os rapazes nos chegaram, sorri Rigmor. Ela aconselha largamente outros a receber estudantes de intercâmbio.
- É excitante e diferente, e uma pessoa aprende muito. Mas as pessoas devem lembrar que este este é um trabalho voluntário. Nós providenciamos custos e logística, e em troca recebemos um ano inesquecível.
- Uma pessoa deve esperar uma pequena adaptacão ao príncipio, mas essa fase passa depressa, diz o pai de acolhimento Leen.
- Nós tivemos que pedir o conselho da família primeiro, as nossas criancas Edvard e Regine tinham claro que dizer se achavam que estava bem, diz Rigmor e está satisfeita pelo facto de Edvard se ter tornado muito bom em inglês.
- Ele fala apenas inglês comigo, e eu falo norueguês com ele, revela André. Quer ele quer Aslan falam agora muito bom norueguês, mas à pergunta se foi fácil aprender a língua rompem às gargalhadas.
- Língua estranha e díficil, e o dialecto de Balsfjord é bastante diferente do de Oslo, é a resposta.
- Nós estávamos convencidos de que eles deviam aprender a língua o mais rapidamente possível, e eles têm-se tornado bons. Eles falarão certamente dialecto de Balsfjord quando regressarem a casa, ri-se Karin.
Turma simpática
Ambos os rapazes andam na escola secundária de Vollan, cada um em sua turma. André pensa que foi díficil, ao ínicio, introsar-se com os colegas de turma.
- Mas depois de uma viagem de escola tornou-se melhor. De qualquer forma é um bocado diferente ir à escola aqui e em Portugal. Estou mais habituado a educacão nas salas de aula, diz o português.
Aslan gostou da escola desde o primeiro momento.
- Eles são muito abertos e simpáticos, sorri ele abertamente.
Muito natal
Eles não se têm coibido das actividades de tempo livre para estudantes. Tem participado de udo deste conducão de trenó de cães, trabalho na quinta, viagens, desporto até à visita ao hotel de gelo. Sem esquecer duas épocas festivas: o natal e apáscoa.
- O Natal aqui é tão comprido. E tão cheio de coisas de natal. Ribbe de Natal [prato típico de Natal], decoracões de Natal, Grøt de Natal [Um prato comido à sexta feira antes do fim-de-semana de Natal; quem tiver no seu prato a amêndoa escondida ganha um prémio, como por exemplo um saco de gomas e chocolates.] Tudo era Natal, diz André com um sorriso que testemunha que ele gostou precisamente disso. Em Portugal a celebracão do Natal propriamente dita só se festeja 24 e 25 de Desembro.
- Nós nem temos presentes na Bélgica, apenas jantamos com a família, conta Aslan, que pensava que o tempo escuro [mørketiden] seria tão escuro como a noite.
- Mas não era. O céu estava cheio de cores lindas e nós vimos as luzes do norte [aurora boreal].
- Mas fiquei muito contente por ver o sol outra vez, acrescenta André. E agora vem aí o tempo russ [celebracões dos finalistas do secundário] e o sol da meia noite.
- Eu acordei uma manhã cedo com o sol a brilhar para mim. Foi estranho, diz Aslan.
Trabalho doméstico e outras coisas
Algumas diferencas culturais têm-se apresentado pelo caminho.
- É claro que existem diferencas e contrastes culturais. Acho que por exemplo os rapazes em Portugal não estão tão habituados a trabalho doméstico [olha para mim a corar...], sorri Rigmor sagazmente para André. Quer ele quer Aslan estão de acordo em terem aprendido trabalho doméstico durante a estadia na Noruega. Em Portugal é normal ajudar em casa, se acreditarmos no André [é verdade! Todos os filhos e filhas são obrigados!!!].
- E eu tenho muitas irmãs, desculpa-se Aslan.
- Eu tenho feito comida. Especialmente sobremesas doces, acrescenta André.
- E comida portuguesa como muito mandarim [ele disse margarina, margarin em norueguês, e referia-se às sobremesas; eu nunca usei mandarins na comida!], diz Edvard com um gesto.
A comida na Noruega é bastante razoável, se interpretámos bem os rapazes [não, não interpretaram, eu acho que é melhor do que o que esperava, o Aslan odiou, mas não se atreveu a dizê-lo directamente].
- Mas o chocolate de leite é o melhor de tudo, acho eu. De resto estou um bocado farto de bolas de carne, concorda André.
- O melhor que aqui comi foi Ribbe [Ribbe de Natal, Juleribbe, ver acima], e lembra-se da Ribbe de Natal.
Um ano passa depressa
Os dias passam imparáveis até Julho, o mês em que ambos os rapazes regressam a casa. [Eu regresso em Junho, no final...]
- Vai ser estranho quando eles forem. Felizmente é fácil ter contacto com eles, via internet, dizem Karin e Rigmor. Com a webcâmera o contacto tem-se estabelecido nas duas direccões, e Rigmor conta que a família de André esteve presente na véspera de Natal, gracas à webcâmera na sala.
- Não é assim tão longe até Portugal. Costumava ser mais longe, diz André.
Os rapazes não tiveram, porém, saudades de casa [ok, um bocadinho...].
- O tempo passa inacreditavelmente depressa, especialmente depois de Janeiro. Nós temos tido muito que fazer, dizem. E ambos prometem regressar à Noruega em férias. Mas antes de partirem vão festejar o dia nacional da Noruega. Quando a jornalista pergunta Aslan se ele irá participar do comboio [espécie de procissão, mas sem religião à mistura], é a confusão grande durante um momento [não para mim, só para ele, que eu já sabia do “comboio”].
- Ir no comboio, não conduzir o comboio, diz a “mãe” Karin. E é então que ele compreende.
1 Comments:
A entrevista foi bem grande.
É um óptimo relato.
Por ela parece que tudo está a decorrer bem.
Legg inn en kommentar
<< Home