Lisboa em Marekors, de Jo Nesbø

”Barbara Svenden tinha começado a pensar muito sobre o tempo últimamente. Não que ela fosse especialmente filosófica, como a maioria dos que a conheciam lhe diriam, e bem. Era apenas que ela nunca se apercebera daquele pensamento antes, de que tudo tinha o seu tempo, e de que esse tempo estava a caminho de ser gasto. (...) Portanto Barbara abandonou tudo o que tinha entre mãos, pediu dinheiro emprestado aos pais e viajou até Lisboa, para pôr a vida no caminho certo e talvez aprender um pouco de português.
Lisboa foi fantástica por um bocado. Os dias que passavam escapavam ao seu controlo, mas isso não era algo que a preocupasse. O tempo não era algo que ia, era algo que vinha. Foi sempre assim até que o dinheiro tinha deixado de chegar, a tão chamada eterna lealdade de Marcos estava esgotada e a diversão terminada. Ela tinha voltado a casa algumas experiências mais velha. Ela tinha, por exemplo, aprendido que o ecstasy português é mais barato que o norueguês mas se prende à vida da mesma forma, que o português é uma língua díficil como o diabo e que o tempo era um recurso limitado e não-renovável.”
Lisboa foi fantástica por um bocado. Os dias que passavam escapavam ao seu controlo, mas isso não era algo que a preocupasse. O tempo não era algo que ia, era algo que vinha. Foi sempre assim até que o dinheiro tinha deixado de chegar, a tão chamada eterna lealdade de Marcos estava esgotada e a diversão terminada. Ela tinha voltado a casa algumas experiências mais velha. Ela tinha, por exemplo, aprendido que o ecstasy português é mais barato que o norueguês mas se prende à vida da mesma forma, que o português é uma língua díficil como o diabo e que o tempo era um recurso limitado e não-renovável.”
Este é um excerto do livro que estou a ler, Marekors (não sei exactamente a tradução, mas é uma estrela de cinco pontas, que certamente tem algum significado espiritual que desconheço), de Jo Nesbø. É o primeiro da série de policiais do autor, com Harry Hole como protagonista. E pronto, está claro, alguém tinha que experimentar visitar Portugal. Embora eu ache que a língua díficil como o diabo é o norueguês. Fiz o melhor que púde na tradução, mas não tenho nenhum tipo de formação que me ajude, por isso às vezes estive em dúvida entre manter a tradução "à letra" ou alterar para soar melhor em português mantendo o sentido. E uma palavra ou outra também não consegui descobrir o que queriam dizer.
Era bom que houvesse tradução para português destes livros. Por um lado é um dos autores mais populares na Noruega, no presente. Por outro, a julgar pelas primeiras 123 páginas, em que me deparei com o capítulo 14 (Segunda Feira. Barbara), é bastante empolgante...
De qualquer forma, é tudo para dizer que é bom ouvir falar de Portugal quando se está no estrangeiro. Seja do Portvin, bebido por todas as famílias ricas que aparecem nas sitcoms americanas e também, em ocasiões próprias, pela generalidade das famílias portuguesas; ou dos pratos com decoração natalícia, absolutamente lindos, que a mor (mãe de acolhimento) comprou por serem fabricados em Portugal; ou o concerto que a Maria João deu na vizinha Tromsø, no âmbito de um festival de jazz; ou as páginas de um jornal que falam da Ponta de Sagres, e do facto do ponto mais sudoeste da Europa ser em Portugal; ou de um programa de rádio ao Domingo, que a semana passada esteve em Portugal a entrevistar um senhor que falava inglês cheio de sotaque-Mourinho, e que prometeu explicar tudo sobre
música de Fado no programa próximo - já este fim-de-semana. Mesmo o artigo de jornal que, paradoxalmente, mostra um estudo que diz que os portugueses são dos povos mais deprimidos da Europa, e ao mesmo tempo, a par da Noruega, aquele em que os amigos saem mais juntos, e se visitam uns aos outros. Para não falar de miúdos com camisolas do Deco, colchas com a imagem do Cristiano Ronaldo e almofadas com o nome de Figo gravado num lado, e o símbolo da Federação Portuguesa de Fútebol e o número sete do outro.

Enfim, achei que deviam saber...
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* (update) Até terça vou estar em Abisko, na Suécia. Férias de Inverno - Vinterferie. Ah, pois é, também queriam! A má notícia é que adoeci ontem (quinta), e embora esteja melhor hoje (sexta) ainda tenho tosse, e por precaução não vou esquiar no sábado... pelo menos... "#(/#/¤"! que as doenças sabem mesmo aparecer em más alturas...
2 Comments:
Fiquei curiosa com este livro, achas que consigo arranjar uma tradução em alemão ou inglês??
As melhoras :)
Pois é, isto de estar longe da terrinha...eu até já me emociono com os faduchos;)
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