uma imagem vale por mil imagens

Costuma-se dizer que uma imagem vale por mil palavras, mas nem todas valem. Assim como algumas palavras desencantam logo mil imagens. Especialmente em contextos específicos. É esse o trabalho do escritor. Tirá-las do dicionário, colocá-las na ordem certa. O do fotógrafo é o de retirar da imagem que o olho vê a imagem que ele quer tirar. Há muito mais que uma perspectiva. E mesmo um zoom in ou um zoom out podem fazer a diferença. Assim como a escolha do preto e branco ou a cores, da focagem, do rolo rápido ou lento. E todas as formas de tirar fotografias têm as suas potencialidades. Mesmo no caso de máquinas baratas como a lomo ou de fotografias instantâneas como as da polaroid.

Uma pessoa tem a tendência a pensar que o trabalho do fotógrafo é limitado pela realidade, mas o limite é a imaginação. Picasso provou-o com a sua cabeça de touro. Certo, não é uma fotografia. É uma escultura. Mas se clicarem vêm onde eu quero chegar. O fotógrafo não pode fazer muito mais do que mostrar a fotografia, e dar uma ou outra achega no título.

Aprendi isto no ano passado. Vou-vos mostrar alguns dos meus exemplos. Se forem bem comportados prometo que no fim vos mostro exemplos melhores, de alguém com mais talento que eu.

Será que sou só eu que na imagem à esquerda vê uma criança, e que, fazendo a conexão com o cabo, é uma criança no ventre da mãe? Cliquem na foto se precisam de ajuda... É só uma tomada, ainda por cima desfocada? E a da direita? Só uma mola? Ou um crocodilo? Para mim, continua a depender de vocês.

Ok, o exemplo fantabulástico que prometi aqui vai. É só clicar aqui e depois clicar nas fotos. É uma série de fotografias, interligadas. Animais na praia, paus e pedras. Ainda a ler este post???

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* E porque as imagens não são é só fotografias, eu, amante dos livros de comics do Bill Watterson em que ele expõe o que pensou no desenho de cada um dos quadradinhos, descobri uma coisa fantástica. Jim Borgman é o desenhador das fantásticas tiras Zits (escritas por Jerry Scottman), que aparecem, ou pelo menos costumavam aparecer, no Jornal de Notícias, reúnidas em livros pela Gradiva (sim, sou orgulhoso proprietário de vários deles), e também do cartoon editorial do Cincinnati Enquire. Jim, dizia eu, tem agora um blogue, onde se podem espreitar as suas ideias a cada dia e assistir aos sketches. Assim nasce arte!

** Pronto, para quem gosta de pintura, e também está interessado em saber porque é que as pinturas vêm como vêm, eu menciono, embora presumo que já toda a gente saiba, que parte do espólio da Frida Kahlo que esteve no Tate Modern vai estar no CCB. Ide vê-las, ide vê-las, que eu fico a saber de tudo depois pela Internet.