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A razão de eu caricaturar um assunto morto tem história. Na altura eu não sabia bem o que pensava, mas a verdade é que não podemos deixar atemorizar-nos por actos de violência. A par da Dinamarca, bandeiras da Noruega foram queimadas, e uma embaixada em Damasco destruída. Um campo militar no Afeganistão, com soldados noruegueses, foi atacado. Um grupo de norueguesas, estudantes de medicina na Universidade de Tromsø, aqui no Norte, que tinha partido para o Líbano em missão humanitária, foi levada a regressar.
Os países nórdicos, entre os quais a Noruega, são que maior consciência social têm, não apenas a nível pessoal e nacional, mas a nível mundial. Não precisam de muito para se solidarizarem com causas. Na Noruega todos os estudantes, da preparatória e do secundário, um dia por ano, trabalham para angariar cerca de 45 euros (300 coroas) para uma causa humanitária, este ano o tráfico de orgãos e de seres humanos. Na Noruega existem uma associação chamada Hvite Busser, Autocarros Brancos, que leva os jovens de avião, autocarro e ferry, a visitar os campos de concentração de Auschwitz, incutindo-lhes uma visão que certamente nunca vão esquecer.
É por isso que nada disto faz sentido. A um dos países mais tolerantes do mundo, que oferece todas as condições a quem acolhe, e que munda o mundo, embora em pequena escala, embora sem utopias, não se aceita que se faça isto. É mau agradecimento. Depois de me ter apercebido, como veiculado em vários blogues e revistas, que o caso é semelhante ao de Salman Rushdie, embora com repercurssões menos extensas, e que o Ocidente não se uniu como dessa vez, percebi também que a nossa liberdade de expressão está afectada. Está mais do que isso, seriamente mutilada, com muitos problemas em andar para a frente e muita gente a empurrá-la para trás.
Muitos desenhos de Jesus Cristo têm sido ofensivos. Um até deu a um caso em tribunal, o desenhador era Haderer, foi chamado a um tribunal grego, perdeu o julgamento, ganhou o recurso. Sentem-se ofendidos, ponham uma acção em tribunal.
Muita coisa ofende. Esta reacção não está prevista em nenhuma parte do Al Corão, por mais retorcidas perspectivas que dele tirem. Esta reacção só a prevê a mente criminosa e violenta de organizadores terroristas.
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*Sei que já passou. Mas não digam Já passou, está tudo bem. Não está tudo bem. E em verdade ainda está aí. Senão são os desenhos de Maomé, é outra coisa qualquer.
** Sem esquecer os pactos do Google para entrar na China, palavras como liberdade não podem ser usadas, os jornalistas presos no Nepal, a falta de acesso à informação em África e o seu controlo por governos corruptos, etc., etc.
posted by Unknown at 7:07 p.m.
10 Comments:
Excelente post. Subscrevo na integra o que dizes. Também já os tentei compreender, história?, tradição? só sei dizer que tem um Deus para eles e outro para o "resto". Porque é que o ocidente tem que ser tolerante com eles e com as suas tradições e convições se nos países deles os ocidentais tem que obedecer às suas regras??? no minimo estranho. Não conhecem a palavra tolerãncia. Cada vez acredito mais que todo o médio oriente deveria ficar separado de tudo e todos os outros. Parece um bocado radical, porque entre eles até há excepções, mas o que tem feito e o que eu tenho visto faz-me sentir assim, e, eu sou uma pessoa bastante, bastante mesmo tolerante, CHEGA!
Gostei do texto, mas sugiro que mude a cor das letras para branco, ou então a cor de fundo do seu blog!
Não leve a mal por favor, é que torna a leitura muito mais fácil!
Beijinhos
estudo jornalismo e meu namorado é árabe e eu não gosto de religiões.
há que admitir que aquelas caricaturas foram ofensivas, provocatórias, e não uma forma de liberdade de expressão. o que me ensinam e o que sei é que a liberdade acarreta responsabilidade. e fazer caricaturas não é propriamente uma notícia, trabalho do jornalista.
pensa: como se sentiu o meu namorado e todos os árabes ao veres caricatoras do profeta em que ele tinha uma bomba na cabeça, chamando assim a todos os muçulmanos de terroristas? achas justo? só porque se é muçulmano é se terrorista? então, todos os católicos também deviam ser rotolados, não esqueçamos a inquisição.
mas se algo ha que condeno mais é a violencia que se gerou. tinham o direito de protestar, ms não de atacar pessoas que nada têm a ver com as caricaturas, pois a culpa foi dos jornais. queima de bandeiras, ataque a embaixadas... tudo isso é errado muito muito errado.
mas, não são todos os muçulmanos a fazê-lo, são uma pequena parte, não esqueças.
não rotules para não seres rotulado.
e não diminuas a culpa dos jornais que abusaram da liberdade de expressão.
mais poderias dizer, mas páro por aqui.
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e aquilo de os ocidentais terem de obeder às regras, dito pela micas, não é bem verdade. pelo menos o mundo árabe que conheço, respeita os estrangeiros
se o meu tom pareceu ofensivo, não o é, acredita, é que este tema afecta-me de várias formas
Isa, quando eu expliquei que este tipo de violência não está previsto no Al Corão, queria precisamente dizer que nem todos os árabes são assim. Os árabes na Noruega condenam a violência. Eu compreendo que a multidão, em países onde a informacão chega de forma distorcida, e onde são catalizados por líderes extremistas que os conduzem aos seus proprósitos reaja violentamente. Que as caricaturas ofendam, eu compreeendo. Que tenham o direito de colocar o jornal em tribunal também compreendo. Os jornais ofendem muitas vezes, muitas pessoas.
Precisamente por as caricaturas serem provocatórias, por apresentarem uma imagem do profeta, proibido no Islão e não só pela mensagem em si, é que eu não sabia bem o que sentia, no ínicio.
Mas na Noruega existe uma grande tolerância sobre todas as religiões. Eu não rotulo os árabes, nem digo que tiveram todos a mesma reaccão, mas os que a tiveram, à reaccão, rotularam todos os noruegueses.
Quanto à responsabilidade no uso da liberdade de expressão, o caso é idêntico ao das escutas telefónicas. Eu nunca quis diminuir a culpa dos jornais; só que a violência, para mim, é bem pior.
Os cartoons foram de mau gosto é verdade, porque eu já os vi a todos e não têm piada nenhuma. Tirando o facto de ofenderem muculmanos, não têm "mérito" nenhum.
P.S.: O que a Micas disse, os ocidentais têm "que obedecer às suas regras" penso que se referia ao facto de ser legal, aqui, representar Maomé. Só não é legal nos países muculmanos. Ah, outra coisa, esta reaccão foi muito mais violenta, mas já houve casos parecidos no cristianismo, como os desenhos de Haderer que falei, que quase o levaram a ser preso na Grécia por blasfémia. Aqui, no mundo ocidental. Ele nem sabia que o livro tinha sido públicado na Grécia.
P.P.S.: Obrigado por ajudares a mostrar todos os pontos de vista desta questão, muito complexa.
Isa, acredito que este tema te afecte, e acredito que nem todos os mulçumanos são iguais, o certo é que por causa dessa "minoria(??)" que falas, todos os outros acabam por pagar. Não leves a mal, eu considero-me tolerante e sei respeitar, e respeito os mulçumanos, como respeito qualquer outra religião e qualquer outra crença, mas sei exactamente no que estou a falar, para além de qualquer ocidental não ter permissão de professar outra religião que não seja a religião mulçumana, no Libano (e falo por experiência própria) um ocidental, engenheiro por exemplo, que vá prestar serviços numa empresa do país não pode usar calções, e é lógico que me refiro a horário fora do expediente, e os ocidentais cumprem educadamente ainda que estejam 40ºC, então, porque é que há tanta revolta qd um governo decide abolir o uso do lenço nas escolas??? mas há mais, tenho uma amiga cá, que namora com um turco, para além dos imensos problemas que tentaram arranjar para os separar, agora acederam na permissão do casamento, isto se ela se converter ao islamismo. Achas que isso é saber respeitar e tolerar??? provavelmente sou eu que estou enganada, antes assim...
Gostei muito do desenho.
Acho extramamente interessante o dálogo / triágolo ... que se estabeleceu.
São vários pontos de vista que dão abrangência à temática.
Todos dizem NÃO À VIOLÊNCIA e parece-me que é esta a mensagem mais importante.
cada país é diferente, cada família é diferente, é certo. para mim são minorias sim. eu não tive quaiquer problemas com o meu modo de vestir nem com o facto de não gostar de religiões. já falámos em casamento, o meu namorado e eu, e não sou obrigada a ser muçulmana, aliás no alcorão diz q o homem pode casar com uma mulher que nao seja muçulmana. conheço vários casais em que a mulher não teve que ficar muçulmana, continuou aa professar a sua religião. sou amiga duma miuda turca que nao tem que usar véu e ela mesma diz que a turquia está bem diferente do que era. tu conheces umas pessoas eu conheço outras. ainda bem que o mundo que conheço é agradável.
ups.. *quaisquer
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