kjøteballer, kjøttekaker, fiskekaker og fiskeballer

Os noruegueses gostam muito do que chamam bolos de carne e bolas de carne, bolos de peixe e bolas de peixe (kjøtkaker, kjøteballer, fiskekaker og fiskeballer). Eu tenho assim, pronto, a modos que - que saudades de usar estas expressões assassinas, a modos que, tipo, não sei quê, prontos, 'tás a ver? - vontade de instaurar uma "fatwa à moda do Irão" contra este género alimentício. Eu não vim à Noruega à procura de comida, está claro e selvsagt. Para começar não sou fã do bacalhau. Segundo, mesmo que fosse já estava avisado, por fonte segura, que se passeavam por aqui umas almôndegas sem sabor nenhum... as kjøteballer - ver foto. O meu amigo franco-belga, isto é, belga da parte francesa (fronteira, faktisk) e de ascensão turca, gosta horrores da comida norueguesa, e quando eu digo horrores é isso mesmo o que quero dizer. Tem-lhe terror.

Nem toda a comida norueguesa é má. Sem arquear as sobrancelhas digo a quem me quiser ouvir que a Noruega tem o melhor laks (salmão) do mundo, e até podemos comer røykt laks (salmão fumado) ao pequeno-almoço dos fins de semana - nham! - tal é a abundância. O meu amigo não come peixe, por isso não poderia nunca conhecer a verdade gastronómica completa da Noruega.

Mas voltando ao prato em questão: as bolas e bolos de carne e peixe não têm sabor nenhum, têm uma consistência que deixa muito em desejar e vêm sempre no mesmo molho pré-preparado comprado - brunsaus, molho castanho - ou num que é feito a partir da água que vem nas embalagens do peixe - hvittsaus, molho branco. De qualquer das formas, esta monótona receita está presente no quotidiano norueguês de tal maneira que toda a família come qualquer coisa do género pelo menos duas a três vezes por semana.

Eu não sou como o meu amigo (já ouvi isto em qualquer lado). Ele perde-se em elogios à cozinha turca e aos quebabes, a "best food in the world" para o citar, (of a guide about turkey: "I think the man who wrote it has actually been to Turkey, which helps. There's also a very amusing incident with a kebab." Sorry, Notting Hill was on TV a few days ago and I just happened to catch this part; the post will continue without any further interruptions) e usa de todos os predicados negativos, leia-se asneiras, que conhece em francês, turco, norueguês e português (sim, já o eduquei) para descrever a comida norueguesa. Assim acho que por aqui é bom comer carneiro ou cabrito, ou o que raio vem no Lapskaus, Fårikål, sopas e outros pratos com carne de rena (det er verdens beste kjøt - é a melhor carne do mundo -, diz um colega meu), bem como os pratos de Natal, Ribbe e Pinekjøt, entre outras coisas. Por isso é um exagero quando a mor, a mãe de acolhimento entenda-se, diz que eu não gosto de quase nenhuma comida norueguesa, só pizzas e esparguetes.

Quase todos os estrangeiros que estão na Noruega percebem perfeitamente o que eu quero dizer com "esta carne e este peixe destas bolas, balas e bolinhos não têm sabor nenhum". A mor acha que o que nós temos em Portugal é muita especiaria, Dokkers har bare krydder. Sal e alho, não é preciso mais nada, disse-lhe eu, para ficar muito melhor que isto aqui. A carne nem tem que ser portuguesa. Também acha que eu não gosto de nenhuma cozinha norueguesa, o que como já expliquei, não é verdade, só não entendo este excesso de comida industrializa e sensaborona.

Eu não me importo de não gostar da comida, em verdade pensei que ia ser muito pior, que não ia gostar absolutamente de nada, tal a realidade que me tinham pintado, mas não me agradam estes misforståelser, desentendimentos, compreenda-se.

Ainda assim tenho que dizer Ai que saudades que eu tenho de uma picanha à brasileira e de um bitoque à portuguesa.