emigrar para a Noruega

A Noruega é um país cosmopolita. Na minha escola estão, para além de mim e outro estudante AFSer belga, um francês e um afegão, mais um outro que veio da Rússia, e a minha escola é pequena, muito pequena. Os noruegueses são conhecidos por ser um povo frio. São tímidos, é verdade, e costumam-me dizer que os do sul são mais do que os do norte. Mas são generosos, e, se abrirem as portas, acolhem bem aqueles que por elas entram. Num país onde há excesso de emprego - procuram-se engenheiros - encontrar trabalho não é problema. Estou aqui há apenas seis meses e já percebo quase todo o norueguês, mas, se preciso for, fale-se inglês: toda a gente, exceptuando alguns idosos, compreende e sabe falar.

No outro dia ouvi falar sobre o ínicio de uma campanha para levar os paquistaneses a esquiar. Todo o norueguês sabe esquiar, em verdade os noruegueses "ble født med ski i foter", "nasceram com esquis nos pés", como costumam dizer. Para uma pessoa absorver a cultura norueguesa algo que tem que fazer é esquiar. Mas os noruegueses que andavam a passear pela pista de esqui onde a reportagem foi feita nunca por lá viram paquistaneses.

É muito mais fácil ir para um país estrangeiro e rodear-mo-nos de grupos de pessoas que falam a nossa língua e conhecem a nossa cultura. É muito mais fácil ignorar tudo o que é diferente, criticá-lo ou louvá-lo, condená-lo ou não, mas nunca tomar parte, do que viver com o mote AFSer de que "it's not good, it's not bad, is just different". É muito mais fácil observar e falar que compreender e agir.

Isto vem em sequência do último post. Para mim a integração foi mais fácil, uma vez que moro em casa de uma família norueguesa, no âmbito do programa AFS. Mas a integração é fundamental, e mais do que ter oportunidades é preciso que a pessoa se abra aos outros. Hoje posso concluir que tenho duas casas em dois pontos do mundo, hoje sou uma pessoa mais rica.