sexta

Uma sexta de emoções fortes.

Não tanto pelo dia em si. Acordei e vagueei pela casa. Abri a mala, e nela coloquei todas as minhas t-shirts - as que não estão para lavar - e todos os pares de meias - os que não desapareceram nas gavetas de outros personagens desta casa ou se desemparelharam no caminho por lacunas na coordenação que não vale a pena estar agora aqui a destrinçar. Comi o pequeno-almoço, súbi ao computador à procura das notícias, não as encontrei, deixei-me vaguear pelos vestígios que tinham ficado da vitória do Benfica na quarta-feira em tudo o que era jornal electrónico ou coisa parecida.

Chamaram-me, tinha eu duas tostas mistas já em frente a mim, depois de ver o sorteio da Liga dos Campeões pela Eurosport, e falar com a minha tia, o meu irmão, e uma amiga AFSer na Dinamarca pelo meio, para ir à skyløpe, ou qualquer coisa assim. Digamos, a pista de esqui. Tudo normal, acabei por não esquiar muito, rendido às brincadeiras de um objecto redondo, vermelho, de plástico, que descia a encosta connosco em cima.

Voltámos. Verifiquei as notícias, ainda não tinham chegado. Esperei mais um pouco e zarpei para o Coop, abastecer-me de chocolates noruegueses. Desta vez a escolha recaiu no Kviklunsj, uma espécie de Kit-Kat à norueguesa. Mais um produto da chocolataria Freia. Ámen.

Quando regressei a casa foi mesmo a tempo de ver a dose diária de Friends. Meia hora depois, as notícias ainda não tinham chegado, acabei a devorar mais um That 70's Show, mais um pedaço de Will & Grace, intercalado com uma série de que não me lembro o nome e umas descidas lá abaixo para saber o que fazia o pessoal e quando é que era o jantar. Depois voltei a súbir.

E a notícia não tinha chegado. Sendo notícia de Portugal, uso o VoipBuster, esse milagroso programa que permite ao utente usufruir de chamadas de um minuto grátis e em número infinito, para chamar a minha ilustre família e perguntar das coisas. A notícia ainda não chegou, mas há-de chegar. A gente manda-te um mail.

Mais nada a fazer até às 19:49. Desci, toquei um pouco de guitarra na confusão a que chamo quarto por estes dias. Eis que são 19:49. O meu amigo franco-belga interropeu-me a tocaria e a cantoria, está na altura de ir ao treino de fútebol, e foi o que fiz, perdendo assim o tradicional jantar norueguês em família: tacos mexicanos pré-preparados, com taco sauce, carne e tomate, milho, pepino, alho francês e coisas assim. Aquece-se a carne depois do treino, come-se depois. Ingerir qualquer coisa à pressa antes do exercício é que não.

Do treino sobram poucos momentos especiais. Um treino normal. Comi o jantar de que o meu estômago, legitimamente, tinha saudades. As notícias. Súbo, acedo à minha área no computador. As notícias estão ali. O cantinho do GMail aponta-me Parabéns. São boas notícias.

Ah, pois, o que é que eram as notícias. O DNJovem, que agora sai nos suplementos 6a, juntamente com os DNs, das agitadas... sextas. Distribuição em todo o país, numa papelaria perto de si. Públicado anteriormente no Palavras Urbanas, de seu nome Stairway to Heaven, o glorioso texto ainda não está disponível no circuito electrónico do Diário de Notícias Jovem, embora fosse súposto eles actualizarem-no à sexta. Era por isso que as notícias tardaram a chegar e tive que telefonar a quem possui a edição analógica.

Já não contribuia há muito tempo. Por isso é muito bom ter sido públicado.

Ah, e porque é que comecei o meu dia a fazer as malas? A Suécia é história. Voltei na terça. Estive doente em todos os dias das férias, o que é (uma palavra muito mais feia do que qualquer outra que vocês se possam lembrar agora), mas nos últimos dois arrangei saúde suficiente para experimentar um bocadinho de slalom, na pista verde que é muito fácil. Súblinho muito fácil. Por isso gostava de ter tido a coragem e o tempo de ter tentado a pista ao pé do hotel, que é azul e é a SEGUNDA mais fácil, ou seja, muito mais complicada. Ainda assim cai, de qualquer das formas, especialmente ao súbir com o elevador, o que levou à paralização do mesmo e ao espanto de todas as crianças de 3-5 anitos que abundavam no local e nunca tinham visto um asno daquele tamanho. Agora para onde vou viajar é: amanhã vou até Oslo de avião, Domingo vou para a Suécia, apanho o ferry, Polónia, visito os campos de Auschwitz-Birkenau a meio da semana, Alemanha de seguida, um dia em Berlim, ferry, Suécia, Oslo, regresso aqui ao Norte. Uma "visita de estudo" com a minha turma, seguindo o tema da Segunda Guerra Mundial numa perspectiva verdadeiramente única.

É na adrenalina do que está para acontecer brevemente, das memórias que sempre tive, das memórias do que nunca vivi, que esta sexta passou a ser de emoções fortes. Trago-vos mais crónicas de segunda a oito dias, quando estiver de regresso.